O Refúgio das Almas

Os sentimentos calam o silêncio e a voz se ergue tímida.
O medo da realidade nos assombra a consciência inconsciente das tortuosas linhas da imaginação.
Nas mãos ousadas concebe-se a busca de uma acorrentada libertação e as almas fogem para a imensidão de um mundo que nem mundo é.

Izidine Jaime

quinta-feira, 9 de junho de 2011

A OUTRA ALMA DO CORAÇÃO

Sempre que se ergue um pensamento de olhar fitado ao mundo dos sentimentos, a alma se exalta ao coração como se culpa tivesse das emoções humanas.  Todo um conjunto de factores que rege a volúpia insana das sensações da carne, faculta a alma o prazer do mundo, um desejo profundo, sustentado por ilusões que a mente empresta ao pensamento no silêncio em que deixamos de estar em nós e viajamos num universo que não existe. Desejos correm o pensamento, estamos sem estar, com a pessoa amada, amando na imaginação abraçados a solidão.

Os seres enamorados pelas astúcias da carne, vivem floreando a vida, como se um jardim fosse! Se apaixonam nos olhos, amam a beleza e de nada importa o ser, se iludem facilmente desejando um corpo para se aquecer, alegram-se no presente inconscientes as lágrimas do futuro, e, quando a carência assombra as vontades , correm sem alma em busca de uma carne  para saciar-se, e assim vão se amando, como se amor fosse! Os Homens são tão fingidos, teatram na vida, são atores indiscretos, abandonaram os valores da natureza, amam com a dependência procurando vantagens simbólicas no amor. Os pequenos gestos de carinho (Cartas de amor, serenatas, flores naturais), ja não tem espaço no coração (dizem ser coisas antigas), quer-se presentes valiosos, e os pequenos e carinhosos “é só nos filmes de Romance”.

Porquê os homens tem a mania de reclamar dos outros? Sempre têm razão nas suas culpas, choram porque procuram sempre o sorriso nos outros, as decepções debruçam-lhes a vida porque querem das pessoas o que elas não sabem dar.



Na penumbra vazia do pensamento

Há um silêncio nauseabundando a imaginação

Dos tantos amores que o passado afogou

E que nunca foram amores.



Os passos se erguem indecisos

Falando sem melodia repusteira de ordem

As coisas passam!

Só porque tem passagem no tempo.

O tempo é insondável,

Não dorme,

Nem no amanhecer da noite.



Há um vácuo por onde os sentimentos

Fingem ser donos da alma

Inconcientes, arco-irizam a vida.

Ah! Como é tão bom amar.

Mas o amor humano

Está longe de ser mútuo

E se não é!

Ridículos são todos os Homens que amam.



Izidine Jaime

sexta-feira, 20 de maio de 2011

DISCÍPULOS DA MODERNIDADE

É inutil descrever a sociedade sob a sua aparência, pois regem sobre ela imagens metafóricas onde encenam-se vidas de vários fazedores. Julgo-me inocente aos pecados do homem pela natureza, escondendo pelas costas as minhas mãos virgens de maldade. Retiro-me o carimbo de um ser comum da actual humanidade, e,  levo comigo a moralidade em inteira raiz culpando ao tempo por arrancar sobre o mundo a decência, o valor e o respeito da dignidade que cada ser carregava em seu intelecto. Oposto aos globalizados pelas paixões do século prendo-me a verdade sem testemunhar a mentira e seus fíes discípulos que fazem da confiança uma realizade cada vez mais instinta, actualmente vivemos disconfiando até da própria confiança! E a convivência mútua ja não é além de uma teoria disfarçada em práticas intencionais. A moral é mais uma palavra afundada no tempo, e os jovens pensamentos contaminam-se a moda de emitações que espalham pelo vento a indecência dos seus feitos. So não julgo a estes actores da vida que fazem dela um palco de diversões e abusos emocionais em seus convívios alcoólicos e os demais, porque segundo as minhas crenças ser-me-ia julgado por tais julgamentos, “1 Não julgueis, para que não sejais julgados,
2 porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.
Mateus 7: 1-2

Nego a nossa compatibilidade sanguínea porque nem em pensamento preservas a moralidade de ser imagem e  semelhança divina, então entregas os teus passos as vivências insensatas que viciam-te a mente com lemas perigosos destinados a casa da perdição.
Emprestas o sono as casas do vício, acompanhado da mentira que cultivas nos teus convívios pensando gozar a vida! (Gargalhadas) pobre é essa ideologia que arranca-te o valor de ser o que és, que ja é de duvidar que sejas. A vida não é um rio correndo sem direção, vejo um ardor de desejo carnal demolindo os bons prazeres na tua vida, dando-te o poder de pecar e caminhar cegamente aos prazeres da actualidade, sem ocultar os desagrados futuros a exemplo de outros companheiros que viram sua alma abandona-los no decurso dos seus actos veementemente obliquos a imoralidade. Eu não podendo nada fazer abano de este a oeste a minha cabeça com um olhar ansioso a desvendar as ironias que afugentam certos pensamentos decentes na mente de muitos homens.
Ao cair do dia vejo-me cada vez mais envolvido numa sociedade obscura, repleta de Inveja (Há quem deseja  ver o teu vermelho mergulhado nas estradas) e prostituida pela suculenta modernidade que rege ideias violentos estuprando a cabeça de alguns jovens sustentando o lema «os tempos são outros». O respeito conquista-se pela força, e as crianças ja nascem mal educadas pelas companhias e más amizades, regeitando a voz sábia dos seus pais que no fundo dos seus miolos são apenas velhotes retardados e parados no tempo. Elas fazem dos seus corpos visíveis figuras dramaticas com a suas modas tranparentes presenciadas da cabeça aos pés.  
Cada qual respira o seu próprio ar, ninguém transpira o suor do outro e as nossas atitudes  reflectem aquilo que somos e se de mal alimentamos os nossos dias o futuro cobrará do passado todo o tormento que num presente dado abordamos a mentira. Não escondo o meu descontentamento perante a esta sociedade indecente que goza as personalidades que preservam o respeito e valor para com eles mesmos com adjectivos e atributos para la de irónicos ( Matrecos, etc). Os preceitos humanos iludem aos amigos do exagero facultando sobre eles formas corrompidas de vivência. O que devia ser um avanço tecnológico e satisfatório ao progresso da humanidade é hoje um palco de burlas, acções malfeitoras e de sessões eróticas, o que me leva a crer que a maldade oportuna-se dos actos à bondade pra criar indescretamente os seus actos perversos, ao que nomeio de BEMZIMAL ( Palavra por mim adoptada que diz respeito aos actos ocultos da maldade dentro de uma obra destinada a bondade, tornando-a assim um espaço do bem e do mal). A humanidade não se contenta com os actos posetivos do próprio homem, vandalizam os bens publicos, assaltam os bens do outro, roubam, corrompem e fazem inumeras coisas que seria de pobre ruptura tatuo-las neste inocente papel. A sociedade hoje é assim, uns vivem porque tem vida, alguns vivem sem ter a vida e outros só tem vida porque vivem.

                                                                           Izidine Jaime

A Poesia em Moçambique

                      A Poesia em Moçambique




De forma geral, a independência criou, por parte de uma nova elite política e intelectual, a necessidade da elaboração das identidades africanas dentro do Continente, e deste perante o mundo. Para isso, era imprescindível retornar ao passado em busca de elementos legitimadores da nova realidade e encontrar heróis fundadores e feitos maravilhosos dos novos países africanos e da própria África.

Em Moçambique, a partir de 1945 (até 1964, aproximadamente) começaram a revelar-se os poetas que compõem o “segundo paradigma ou segunda fase” da literatura moçambicana (o primeiro preparou o terreno para essa “poética da moçambicanidade”), designação utilizada por Carmen Tindó Ribeiro Secco, que lhes ressalta uma produção que



recebe fortes influências do Neo-Realismo, do Renascimento Negro e do Movimento da Negritude, fazendo a apologia da solidariedade, denunciando o racismo, o colonialismo, a exploração nas minas da áfrica do Sul” (...); muitos poetas preferem cantar a terra e a natureza, metáforas da “moçambicanidade”, ou o negro, exaltando o orgulho da cor (SECCO, 1999, p. 17 e 21).



Para Patrick Chabal



Embora nas colônias africanas portuguesas a negritude nunca tenha tomado a forma amplificada e exaltada que assumiu no império francês, houve um processo semelhante, mesmo que não tenha havido ‘influência direta’. A negritude é, dessa forma, a mais explícita e manifesta fase de nacionalismo cultural que se pode encontrar na literatura africana moderna (1994, p. 55).



Com base nessas óticas, Orlando Mendes e Noémia de Sousa são considerados “pioneiros da moderna poesia moçambicana” (FERREIRA, 1977, p. 73). O primeiro, mergulha sua poética na “seiva elementar/De África nos versos que digo/ E os homens saibam cantar” (Apud. FERREIRA, p. 73). No caso de Noémia de Sousa, toda a sua produção (dezenas de poemas produzidos entre 1949 e 1952 encontram-se dispersos pela imprensa moçambicana) alimenta-se das raízes africanas, é “África da cabeça aos pés”: “Eu quero conhecer-te melhor, /minha África profunda e imortal”; “Ó minha África misteriosa e natural, /minha virgem violentada, /Minha Mãe! (ibidem, p. 74-5). Destaca Maria Nazareth Soares Fonseca que a “consciência de uma negritude, ainda que sem os particularismos do movimento criado por Aimé Césaire e Léopold Senghor, na França, atravessa os versos da poeta moçambicana” (2002, p. 39). Filha de mãe negra, Noémia transfere essa maternidade para a África como um todo, elegendo a pele africana como o seu sinal: no poema “Negra”, o corpo feminino, diverso mas sintetizado numa única palavra, MÃE, acaba por representar o corpo do continente africano; no poema “Sangue negro”, também estabelecendo a homologia entre “minha África” e “minha Mãe”, o eu lírico assume o seu sangue negro-escravo e a sua origem:



E nada mais foi preciso, que o feitiço ímpar

dos teus tantãs de guerra chamando,

dundundundun-tã-tã-dun-dun-dun-tã-tã,

nada mais que a loucura elementar

dos teus batuques bárbaros, terrivelmente belos

_ para que eu vibrasse,

_ para que eu gritasse,

_par que eu sentisse, funda, no sangue, a tua voz, Mãe!

E, vencida reconhecesse os nossos elos...

E regressasse à minha origem milenar (FERREIRA, 1985, p.92).



Em poema antológico, “Deixa passar o meu povo” (que dialoga com o spiritual Let my people go, que tematiza o cativeiro de Moisés e do seu povo no Egito dos faraós), explicita-se a relação da poética de Noémia com os pressupostos do Harlem Renaissance:



Noite morna de Moçambique

E sons longínquos de marimba chegam até mim

_certos e constantes _

Vindos nem eu sei donde.

Em minha casa de madeira e zinco,

Abro o rádio e deixo-me embalar...

Mas as vozes da América remexem-me a alma e os nervos.

E Robeson e Marian cantam para mim[1]

Spirituals negros de Harlem.

“Let my people go”

_ oh deixa passar o meu povo (...)



Nervosamente,

Sento-me à mesa e escrevo...

(Dentro de mim,

Deixa passar o meu povo (...)

Na minha mesa, vultos familiares se vêm debruçar (...)

Misérias, janelas gradeadas, adeuses de magaíças (...)

Pegando na minha mão e me obrigando a escrever

Com o fel que me vem da revolta. (...)



E enquanto me vierem de Harlem

vozes de lamentação

e os meus vultos familiares me visitarem

em longas noites de insônia,

não poderei deixar-me embalar pela música fútil

das valsas de Strauss.

Escreverei, escreverei,

com Robeson e Marian gritando comigo:

“let my people go”

OH DEIXA PASSAR O MEU POVO

(Poesia negra de expressão portuguesa, 1953. Apud FERREIRA, 1985, p. 94-5).



[1] Paul Robeson e Marian Anderson são figuras do mundo musical, citadas também por Craveirinha.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Poesia



A POESIA

A poesia, ou gênero lírico, ou lírica é uma das sete artes tradicionais, pela qual a linguagem humana é utilizada com fins estéticos, ou seja, ela retrata algo que tudo pode acontecer dependendo da imaginação do autor como a do leitor. "Poesia, segundo o modo de falar comum, quer dizer duas coisas. A arte, que a ensina, e a obra feita com a arte; a arte é a poesia, a obra poema, o poeta o artífice."[1] O sentido da mensagem poética também pode ser importante (principalmente se o poema for de sexo, ou o contrário: também existe xotas poesia satírica), ainda que seja a forma estética a definir um texto como poético. A poesia compreende aspectos metafísicos (no sentido de sua imaterialidade) e da possibilidade de esses elementos transcenderem ao mundo fático. Esse é o terreno que compete verdadeiramente ao poeta.[2]
Num contexto mais alargado, a poesia aparece também identificada com a própria arte, o que tem razão de ser já que qualquer arte é, também, uma forma de linguagem (ainda que, não necessariamente, verbal).
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.